Diz a lenda romana que os mortais podem acessar o submundo em certos pontos da Terra. Localizados do outro lado do Mediterrâneo, esses chamados "portões do inferno" eram marcados por passagens de pedra construídas sobre características geológicas, como fontes termais turbulentas ou bocas abertas de cavernas. Em demonstrações de poder sobrenatural, os antigos sacerdotes romanos conduziam um animal, geralmente um touro saudável, pelas passagens, um ato que matava rapidamente as criaturas, mas deixava os eunucos ilesos.
Agora, como Colin Barras escreve para a Science, os pesquisadores dizem que descobriram como esses portões funcionam. O estudo, publicado na semana passada na Archaeological and Anthropological Sciences, concentra-se em um local na antiga cidade de Hierapolis, na atual Turquia, e sugere uma explicação geológica simples para o fenômeno intrigante.
Construído em uma área altamente geologicamente ativa, o portão de Hierápolis está posicionado no topo de uma falha profunda na Terra. Essas fissuras emitem um fluxo constante de dióxido de carbono vulcânico. Embora o gás seja inofensivo em quantidades limitadas, nuvens de CO2 podem sufocar rapidamente qualquer criatura que o atravesse.
O portão de Hierápolis ainda é mortal até hoje. Conforme os pesquisadores escrevem no estudo, em seu primeiro dia de trabalho no local, eles encontraram duas aves mortas e mais de 70 besouros mortos. Os moradores locais também relatam ter encontrado ratos, gatos, doninhas e até raposas mortas no local. Então, como os antigos sacerdotes sobreviveram ao choque com o portão?
Para resolver o quebra-cabeça, os pesquisadores mediram a concentração de CO2 na arena em várias alturas ao longo do tempo, descobrindo que as concentrações de gás diferem durante o dia e a noite. Com o sol brilhando, as nuvens de CO2 se dissipam. Mas à noite, o gás se acumula, formando uma camada espessa no chão da arena. As concentrações crescem o suficiente durante a noite para que possam matar uma pessoa em um minuto, de acordo com o estudo.
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